Segunda saída de casa em mais de um mês

Segunda saída de casa em mais de um mês

Hoje saí pela segunda vez de casa desde o dia 13 de Março. No dia 13 foi o último dia de aulas, entramos em casa por volta das 16h e as saídas têm sido mínimas para mim e para os miúdos.

O pai mantém-se a trabalhar, por isso, é ele que trata de fazer as compras. Também levou os mais velhos algumas vezes a fazer exercício. Já o bebé apenas tinha saído uma vez e saiu hoje novamente juntamente com os manos e o pai para um passeio curto.

Eu apenas tinha saído uma vez no inicio deste mês para ir ao multibanco pagar contas, sim porque essas não ficarem em suspenso como as nossas vidas!

Hoje saí novamente para pagar algumas despesas e depois fui dar um pequeno passeio a pé aqui pela freguesia, por uma zona com menos movimento.

Cruzei-me com algumas pessoas a fazerem o mesmo que eu, mas não muitas e sobretudo reinava o silêncio. Por vezes passavam alguns carros mas nada de mais!

Ouviam-se os pássaros, grilos, ouvi um cuco. Mas curiosamente o silêncio e os sons da natureza não transmitiam a paz que normalmente se sente. Não sei se é apenas o meu estado de espírito mas ao contrário do que vejo pelas redes sociais, não acho de todo que esta pandemia vá trazer melhorias para a humanidade, muito pelo contrário. E os sons da natureza não me acalmaram como é habitual.




Os rostos das pessoas com quem me cruzei transmitiam preocupação, medo, apreensão. Estou tão habituada a sorrir e a cumprimentar as pessoas com quem me vou cruzando, mas desta vez não. Não disse uma única palavra durante todo o percurso.

Este silêncio ensurdecedor acompanhou-me durante o percurso. Acho que com tudo isto vamos ficar ainda mais distantes do que já estávamos. Este vírus não está de todo a juntar as pessoas mas sim a afastá-las ainda mais.

Não temos contacto chegado com a família, amigos, conhecidos… nada… e estamos fechados em casa sempre com as mesmas pessoas sem poder sair, o que faz aumentar a tensão, faz com que a paciência se torne curta e como consequência não há uma melhora de relações, mas exatamente o contrário.

Eventualmente quem sobreviver acabará por ficar bem, mas até chegar aí será um longo caminho. Porque este isolamento vai deixar marcas. Muitas marcas, económicas, psicológicas, emocionais. Vai ser difícil começar a superar o medo.

Esta foi uma semana difícil e estava a precisar mesmo de sair e arejar um pouco as ideias, mas ao contrário do que pensava isto não me fez sentir melhor.

Mas fez-me refletir, aliás todo este período está a fazer e há uma série de coisas que cada vez me fazem menos sentido. Já vêm de trás e tenho vindo um pouco a lutar contra a mudança, mas talvez esteja mesmo na hora de deixar para trás tudo o que não faz mais sentido, e abraçar o novo, a mudança!

Esta quarentena está a ajudar-me a perceber o que é realmente importante e por aí?

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