Boa semana #285 – Fobia social e pandemia: não é uma boa combinação!
A fobia social faz com que surjam ataques de ansiedade e/ou pânico quando é necessário a interação com outras pessoas, em atividades sociais, quando é preciso fazer alguma apresentação em público. Basicamente em tudo o que implique alguma interação com outros, o que leva a quem sofra deste problema a querer isolar-se.
Não é certamente a única fobia que leva a uma tendência de procurar o isolamento, em todas em que isso acontece, o que está a acontecer nesta pandemia leva a que as pessoas se sintam confortáveis no isolamento que é agora imposto. Isto pode levar a uma enorme regressão de todos os esforços e terapias que tenham sido feitas para combater este problema.
Como já tinha partilhado, eu luto contra a fobia social há já vários anos. Aquilo que eu pensava que era apenas timidez acabou por se revelar como sendo mesmo uma fobia. O que me levou ao período mais critico que já vivi, em 2011, em que praticamente me fechei em casa. Eu não conseguia sair para fazer as coisas mais simples. E muitas vezes quando saía bloqueava. Foi sem dúvida um período difícil.
E foi preciso passar por muitas terapias e muito trabalho para evoluir como evoluí. Mas isso não impediu que eu me sentisse demasiado confortável neste confinamento. Apesar de toda a agitação e ansiedade que trouxe estar fechada com quatro crianças num apartamento, eu sentia-me confortável por não ter que sair e interagir com os outros.
O pai saía muitas vezes com os quatro e eu tinha sempre uma boa desculpa para ficar sozinha em casa. Cheguei mesmo a passar mais de um mês sem colocar um pé na rua durante o confinamento. E depois já no mês de Julho também quase não saí de casa. Não é que eu não precisasse de descansar a cabeça sem os miúdos, no entanto, isso não deixava de ser apenas uma desculpa para não ter que sair.
Isto levou-me a regredir em muitos aspetos, embora no regresso às atividades normais não tenha experienciado elevadas crises de ansiedade, deixei de fazer muitas coisas, deixei de interagir com muita gente e voltei ao comportamento de fugir ao máximo a tudo o que me leve a ter que interagir com os outros.
Ou seja, tenho novamente muito trabalho pela frente, o que não vai ser fácil. Principalmente se durante os próximos meses voltarmos a ter novos confinamentos.
Sei que isto é difícil de compreender para muita gente, acreditem que para mim também não é fácil, porque não é um medo racional. Eu racionalmente sei que não faz sentido este medo, no entanto, o meu inconsciente continua a reagir como se eu corresse perigo de vida e a desencadear meios de fuga quando me encontro nestas situações. A descarga de adrenalina e cortisol que acontece nesta situações acabam por dar origem a crises de ansiedade com uma série de sintomas.
Não é fácil viver com fobias e penso que só mesmo quem as tenha consegue compreender o que se sente nestas situações.
Esta pandemia acaba por trazer muitas consequências para além do vírus em si, arrisco-me a dizer que o vírus diretamente causa menos estragos do que todas as medidas que estão a ser aplicadas por causa dele. Estas medidas restritivas, estão não só a abrir portar para uma crise económica sem precedentes, como estão a abrir portar para uma crise a nível de saúde como nunca antes se viu. Muitas pessoas estão a ficar sem assistência médica e muitas pessoas estão a desenvolver problemas de psicológicos como crises de ansiedade, pânico, depressões, fobias… e quem já as tinha apenas está a levar a um agravamento do quadro!
E por aí, alguém com fobias? Como estão a reagir a nível psicológico à pandemia?