Começando pelo início, o que é a síndrome de pânico? Falamos na síndrome quando os ataques se tornam recorrentes e surge um medo de voltar a ter um novo ataque, o que acaba por mudar a forma de agir, as coisas que se escolhe fazer, acaba por levar a toda uma alteração do estilo de vida devido ao medo de voltar a ter um ataque, que acaba sempre por surgir, mais ou menos espaçado.

Quem me acompanha por aqui há algum tempo sabe que ansiedade e a síndrome de pânico fazem parte da minha vida há algum tempo, a bem da verdade de toda a minha vida adulta, uma vez que o primeiro ataque de pânico que me lembro tinha 18 anos, este primeiro dentro de um autocarro, quando nos estávamos a preparar para dar início à viagem de finalistas, que era uma viagem de 14 horas de autocarro!

Foi uma crise isolada que durou pouco tempo, esta só se viria a repetir mais tarde, com uma intensidade já bem maior, tinha eu 22 anos e tinha acabado de ser mãe, tinha a minha filha mais velha 2 meses e estávamos a visitar as grutas de Mira D’Aire quando a meio do percurso numa passagem mais estreita sou invadida por uma crise de pânico, esta também isolada!

Um dos meus piores períodos só se viria a manifestar já nos meus 27 anos, as crises de pânico eram de tal forma intensas que muitas vezes não saída de casa, levava horas para entrar num autocarro, faltei a consultas porque não me consegui manter dentro do autocarro e cheguei a fazer quilómetros a pé pela mesma razão!

O segundo período intenso veio para ficar, começou em 2020, está controlado agora, mas de tempos a tempos, em situações mais desafiantes as crises ainda surgem!

E se às vezes é fácil conseguir chegar a um gatilho para mim não foi tão fácil assim, não havia uma coisa especifica, ainda hoje não é muito fácil explicar, mas basicamente um dos meus gatilhos é ter de esperar por algo, tempos mortos e tempos de espera elevam sempre a minha ansiedade.

Outra coisa que está na origem das minhas crises é não conseguir controlar determinada situação, sim, quando sofremos crises de pânico acabamos por ficar obcecados por controlar todos os detalhes e isso nem sempre é possível, aprender a gerir isso é fundamental.

Outra coisa que origina as minhas crises é não poder sair de determinado sítio, felizmente raramente sou confrontada com situações de onde não posso mesmo sair, por isso, não dando de avião, conheço as minhas limitações. Mas às vezes são só situações de onde não quero sair, como espetáculos dos miúdos, mas que o meu cérebro interpreta também como situações de onde não posso sair!

Os sintomas podem ser variados e mudam de pessoa para pessoa, desde falta de ar, palpitações, dores no peito, batimento cardíaco acelerado, vómitos, tonturas.

Os meus vão variando não é sempre a mesma coisa, a sensação de desmaio é bastante comum para mim, mas o principal é mesmo um sentimento de fuga enorme, como se de repente o sítio onde estou deixasse de ser seguro e eu só quero correr, fugir dali. A vontade de fazer xixi também é bastante frequente, ainda que na maioria das vezes não seja uma necessidade fisiológica real, parece mesmo só uma forma de o cérebro arranjar uma razão para a fuga! Quando a minha ansiedade está em níveis muito altos também não consigo comer nada, já cheguei estar um dia inteiro sem conseguir comer nada, fazer 24 horas de jejum com grande facilidade, é o lado positivo da coisa 🤣

Ao longo dos anos fui desenvolvendo as minhas estratégias e há coisas que não funcionam de todo comigo, como músicas calmantes! Mas o movimento ajuda, por isso, se estiver num sítio onde possa ter algum movimento essa é a primeira, depois focar em alguma coisa do sítio onde estou, funciona como um trazer para a realidade, adoro filmar e tirar fotos porque é algo que me ajuda a manter o foco e evitar as crises. Gosto de pensar no pior cenário possível em casos extremos e como lidaria com ele! Sim, as minhas técnicas não são muito convencionais, mas funcionam. Normalmente tento conhecer bem o lugar para onde vou, isso também ajuda bastante e atualmente com a internet, até é uma tarefa fácil!

Depois de uma crise a minha energia cai a pique mesmo, fico muito cansada, muito sonolenta, que é muito normal acontecer após um pico de adrenalina!

E por aí? Também costumam acontecer crises de ansiedade? Como lidam com elas?