Boa semana #71 – Regresso às origens!
Vive 19 anos numa aldeia do Concelho de Gouveia antes de me mudar para perto de Lisboa, mas a verdade é que nunca senti aquela terra como sendo “um lar”, o que já sinto aqui apesar de apenas cá viver há 13 anos, bem já são 13 anos, é muito tempo também!
Mas já não ia à terra desde 2012 quando fui operada e tanto se passou desde esse ano, perdi tantas pessoas lá em cima, dois avôs, um primo, nem acredito que já fez um ano desde que ele partiu, tão cedo… A bem da verdade não tinha o mínimo desejo de lá voltar e enfrentar um turbilhão de emoções…
Fi-lo apenas para ir ver a minha avó que já está com alguns problemas de saúde, já esteve muito mal por várias vezes no hospital e agora já nem ao telefone consigo falar com ela, então tinha mesmo que lá ir.
É uma longa viagem e quando lá cheguei realmente não senti nenhuma ligação com o local, não há nada de diferente por lá tirando o envelhecimento que é cada vez mais notável, as ruas ainda mais vazias porque as pessoas que as preenchiam foram falecendo, os jovens (na maioria), saíram de lá e é triste, é uma zona triste… talvez sirva para os fins-de-semana de inverno quando há neve, mas pouco mais do que isso…
A visita também foi curta, foi para ir buscar os pequenotes e ir visitar a minha avó, não houve grande tempo para mais visitas, talvez no inverno com neve a visita seja mais longa, afinal os miúdos já há muito pedem para ir à neve, mas no inverno passado quase não houve… vamos ver como será este…
Chegamos lá por volta da hora de almoço, almoçamos e depois foi ir ao lar visitar a minha avó e partiu-me o coração vê-la ali, ainda para mais sem necessidade de lá estar já que a casa dela é rasteira e com uma enfermeira para ajudar e boa vontade de certeza que poderia estar em casa, infelizmente vivo longe senão de certeza que não ficava lá…
Mas a visita soube muito bem, muitos abraços, muita choradeira, conversas numa sala cheia de gente que estava em completo silêncio quando lá chegamos o que me fez uma confusão enorme… infelizmente não nos deixaram ficar muito tempo mas já serviu um pouco para aliviar as saudades
Enquanto lá estive tentei sempre ser o mais positiva e sorridente possível e sinto que passei um pouco de força para suportar os dias mais difíceis mas na viagem de regresso não me consegui aguentar e as lágrimas foram rolando, de óculos escuros para disfarçar, os miúdos também vinham a dormir… mas foi sem dúvida um misto de emoções, saudades das tardes de domingo passadas na sua companhia, saudades das pessoas que não vou voltar a ver, tristeza, impotência… mas no fundo com a certeza de que não pertenço ali…
Ainda demos um pulo a Viseu, o objetivo era os miúdos irem andar nalgumas diversões da feira de são Mateus, mas como as entradas eram pagas por causa dos concertos da noite não fazia muito sentido estar a pagar entrada só por causa de uma hora, comemos um gelado, andaram um pouco no parque e regressamos a casa numa viagem relativamente calma, com pouco trânsito ao contrário do que seria esperado, acabamos por chegar a casa ao cair da noite e foi mesmo só jantar e cama para descansar de um longo dia que mexeu muito com as emoções guardadas a sete chaves no dia-a-dia.