É certo que todos os dias morrem crianças pelo mundo inteiro pelas mais diversas razões, mas normalmente vivemos alheios a essas situações a não ser que nos toquem na pele. Acaba por ser uma forma de proteção da realidade, mantermo-nos na nossa bolha é a maneira de sobreviver.

Mas a história do pequeno Julen e da sua família tocou de uma forma ou de outra a todos os que tiveram conhecimento dela. Fez-nos acordar para a realidade, podíamos ser nós, podiam ser os nossos filhos e isso é extremamente assustador.

Acompanhei a história desde aquele dia em que a tragédia se deu, a probabilidade de alguém sobreviver a uma queda daquele tamanho não era grande, mas eu tal como muita gente também tinha esperança que esta história não terminasse em tragédia.

Os dias iam passando e a cada dia que passava a esperança diminuía um pouco mas não consegui perder por completo a esperança, esperava um milagre, que de alguma forma aquela criança pudesse ter sobrevivido e voltado para os braços dos pais. Queria tanto que esse milagre tivesse acontecido

Na sexta-feira acabei por adormecer antes de saber se tinham finalmente chegado ao menino, no sábado de manha a primeira coisa que fiz foi procurar por noticias. E as lágrimas caíram ao saber do triste fim deste resgate.

Não os conhecia de lado de nenhum, mas também tenho filhos e não consigo sequer começar a imaginar o que aqueles pais podem estar a sofrer. Dói apenas de pensar... Como é possível num espaço curto de tempo perder dois filhos assim, sem que nada o pudesse previr?

Não posso falar pelos outros mas eu como mãe não estou preparada para lidar com a dura realidade de que o perigo espreita a qualquer esquina. Não consigo viver no medo. E não gosto das emoções que este caso trouxe ao de cima em mim…

Cá em casa as opiniões dividem-se se terá ou não sido acidente, mas sinceramente eu não consigo sequer considerar outra hipótese que não o acidente e espero estar certa. Só de pensar na dor daqueles pais perante a situação, na impotência por não chegarem ao filho quando caiu. Aquele pequenino a cair desamparado, morrer sozinho no fundo daquele poço… parece um filme de terror.

As nossas vidas vão continuar mas este caso vai marcar-nos para sempre, vai lembrar-nos de valorizar o que temos… eu só quero abraçar os meus filhos e agradecer por estarem comigo mesmo quando estão a fazer birras. É nos momentos mais complicados que este caso nos vai lembrar de fazer e sermos melhor, de agradecermos pelas birras, pelo barulho, pela teimosia, quando ficar difícil vamos lembrar-nos que tudo isso é porque são crianças, têm saúde e acima de tudo estão vivas.

Descansa em paz pequeno Julen.