Boa semana #104 – Fomos a uma consulta com o neuropsicólogo Nacho (Ignacio) Calderón
No passado dia 6 fomos até Madrid para uma consulta do L com o neuropsicólogo Nacho Calderón, que também é especialista no síndrome de irlen e principalmente é um especialista internacional em desenvolvimento infantil, sendo dos melhores na península Ibérica senão mesmo o melhor! São quase 600km de Lisboa até Madrid e a consulta bem se pode dizer que custa os olhos da cara, o senhor é muito bom e faz questão de fazer com que o seu tempo seja cobrado a peso de ouro…
Chegar lá não foi fácil, a consulta era as 9:30 da manhã e nós vínhamos diretos de Lisboa, mesmo com GPS ainda nos enganamos e quando finalmente encontramos a rua não encontrávamos a entrada, tivemos que telefonar para lá…
A consulta começou com a avaliação do síndrome de irlen, felizmente o médico falava inglês porque eu não falo espanhol embora consiga entender um pouco, a tia foi connosco para fazer de tradutora mas só foi precisa para a rececionista que não falava inglês.
Depois da avaliação inicial quando passou para a parte de testar as lentes com coloração o L não colaborou e resolveu passar para outro tipo de avaliação uma vez que achou que ele tinha uma grande imaturidade. Começou por lhe dizer para copiar uma série de coisas que estavam numa folha. Depois passaram para o chão para fazer uma série de exercícios que o L teve alguma dificuldade em realizar, tal como teve na parte das figuras que teve que copiar.
//
No final explicou-nos como funcionava o sistema neurológico e como se desenvolvia nas diferentes etapas da criança. Só quando uma estrutura está desenvolvida é que se avança para a outra.
No caso do L esse desenvolvimento não aconteceu corretamente e neste momento ele tem a zona que se devia desenvolver até aos 3/4 anos ainda por desenvolver por isso ele apresenta tantas dificuldades.
Depois de passar por várias consultas e avaliações foi necessário ir até Madrid para realmente conseguirmos um diagnóstico que explica tudo em vez de avaliações que apenas nos relatam os problemas que tem e não nos dizem o porquê delas.
Como não desenvolveu essa estrutura o L tem problemas na motricidade fina o que dificulta a escrita e todas as atividades de expressões em que precisa trabalhar com as mãos. A motricidade grossa também não está completamente desenvolvida que faz, por exemplo, com que não consigo andar de bicicleta, para além de uma série de outras atividades. Também explica o comportamento dele e a resistência à autoridade e as regras, afinal é um comportamento normal de uma criança com 3/4 anos que ainda está a testar limites. E é um comportamento 90% inconsciente e automático, o que explica muita coisa. E o melhor tudo é que até explica a sua reação à comida, o psicólogo diz que estás crianças normalmente têm um sistema hiper reativo que faz com que reajam de forma exagerada aos diversos sabores e texturas dos alimentos, seja uma reação pela positiva ou pela negativa. Isto leva a que estas crianças procurem sempre aqueles sabores de que gostam e rejeitem praticamente tudo o resto.
Portanto em vez de avaliações que nos dizem o tipo de reações que o L tem finalmente tivemos uma que nos dissesse o porquê! Já foram tantas as avaliações, tanta procura para perceber como o ajudar e parece que finalmente conseguimos uma respostas, mas não vai ser fácil. Viemos para casa com um plano de exercícios que tem por objetivo ajuda-lo a desenvolver as estruturas que não desenvolveram naturalmente e depois voltamos lá para uma reavaliação e ver quais os próximos passos a tomar. Para além dos exercícios é necessário reduzir a ingestão de açucares refinados, portanto nada de doces, só ao domingo e eliminar da dieta o leito, reduzindo também os outros laticínios. É algo que já tento fazer há algum tempo mas não é fácil, mas quanto mais a ingestão for reduzida melhor.
É muito bom ter respostas, mesmo que para isso tenha sido necessário sair do país, mas ter uma direção é muito bom e tenho a certeza que todos estes desafios só o vão tornar mais forte e vencedor no futuro, no fundo tornam-nos a todos mais fortes, porque aprendemos a não desistir de procurar respostas, a não desistir de melhorar nem que seja um pouco todos os dias! A verdade é que nós aprendemos também muito com os nossos filhos, não só eles connosco!