Na companhia da lua e das estrelas…
Estou aqui sentada na minha secretária e de repente algo me chama a atenção pela janela, é uma lua, grande, bonita, simplesmente deslumbrante com uma intensa luz que capta a atenção pelo meu canto do olho à medida que vai surgindo por cima dos prédios, paro por um bocado para contemplar o céu, a lua e toda a beleza da noite.
O céu está limpo, estrelado, simplesmente lindo, é uma daquelas maravilhas da natureza que na correria do dia-a-dia poucas vezes paramos para observar, para apreciar a sua beleza, ou por simplesmente nos sentirmos gratos por podermos ver e apreciar a lua e as estrelas em todo o seu esplendor.
Não é todos os dias que a lua me vem fazer uma visita, mas naqueles dias em que aparece normalmente tenho alguma dificuldade para me concentrar, estou constantemente a ser distraída pela sua luz, gosto de observar a lua e a estrela.
Há quem diga que quando alguém morre se torna numa estrela, não acredito de todo nisso, mas nesta fase olhar para um céu estrelado ainda me faz pensar que mais uma estrelinha que conhecia brilha agora no céu, mais uma estrelinha que foi para o céu demasiado cedo.
Consigo de certa forma perceber o porquê de esta ideia ser de alguma forma reconfortante, é como se a pessoa que perdemos continuasse connosco de certa forma, é uma maneira de nos agarrarmos a algo que não estamos prontos para libertar, para deixar ir…
Mas para além de não acreditar nisso, não acho que seja um pensamento de todo saudável, agarrarmo-nos às coisas, às pessoas que fazem parte do passado com o tempo pode começar a deixar marcas no presente e no futuro…
As memórias são boas, é algo que será sempre nosso, é algo que fará sempre parte de quem nos tornamos, de quem somos mas não podemos viver de memórias… Se vivermos de momentos passados, se nos agarrarmos às pessoas que já partiram vamos estar a desperdiçar todo um presente e a possibilidade de um futuro diferente…
Deixar ir, libertar não significa que temos que esquecer… a primeira pessoa que perdi foi a minha tia, era uma pessoa muito especial para mim e foi muito difícil para mim deixar ir, libertar, mas só quando finalmente o consegui fazer é que ganhei a capacidade de recordar os momentos bons com um sorriso, tudo o que aprendi com ela, tudo o que cresci isso vai sempre fazer parte de quem sou e posso recordar, sorrir mas sem me agarrar, porque quando nos agarramos paramos no tempo e isso só trás mais sofrimento…
Depois perdi dois bebés que não chegaram a nascer, durante muito tempo fui consumida pela dor dessa perda, pelas perguntas, o porquê, seriam meninas ou meninos, como seriam os seus rostos… isto consome a nossa energia, não nos deixa avançar e não é de todo saudável…
O mesmo acontece com grandes amores, daqueles que marcam para a vida e que deixam recordação mas que não estavam destinados a ser, isto é mais raro acontecer, mas por vezes também acontece e só quando aprendemos a libertar nos tornamos verdadeiramente felizes…
Já tenho agora seis estrelinhas no céu que eram especiais para mim, mas também já aprendi a libertar-me, a recordar com alegria, a guardar os bons momentos no coração sem me deixar consumir pela saudade…
Enfim, é tão bonito observar o céu e as estrelas… é preciso aproveitar todos os momentos possíveis para aproveitar as maravilhas da vida, das pessoas que nos rodeiam porque a vida é demasiado curta para ser desperdiçada…