Boa semana #163 – O que é a colestase gravídica?
Em três gravidezes nunca tinha ouvido falar de colestase gravídica, e foi já na reta final da gravidez do R que ouvi falar deste problema pela primeira vez e não ganhei para o susto. Por acaso correu tudo bem, mas podia não ter corrido uma vez que esta doença pode ser muito perigosa para o feto. E foi mesmo sorte no meu caso, ou intervenção divina que permitiu o diagnostico do problema na fase final da gravidez.
Já há algum tempo que sentia comichão na barriga, mas pensei que fossem apenas as estrias. Como a comichão estava a ficar pior na consulta das 37 semanas mencionei a questão ao meu obstetra para ver se ele me receitava um creme. Ele ficou imediatamente preocupado mesmo eu não tendo comichão nas palmas das mãos nem plantas dos pés.
Mandou-me logo fazer análises ao sangue com urgência nos resultados, em 24horas já que podia mesmo ser grave. Menos de 24horas depois confirma-se o diagnóstico, mas felizmente os valores não estavam assim tão elevados. Mesmo assim ele decidiu que iríamos induzir o parto assim que chegasse às 38 semanas de gravidez, ou seja, quatro dias depois do diagnóstico.
Como já foi no final da gravidez não cheguei a fazer medicação, apenas foi induzido o parto mais cedo, uma vez que era o mais seguro para o bebé
O que é a colestase gravídica?
A colestase gravídica pode também ser chamada de colestase obstétrica ou colestase intra-hepática da gravidez.
Trata-se de um problema raro (cerca de 1% das gravidezes) da gravidez que resulta da acumulação de ácidos biliares no sangue da grávida devido à obstrução dos ductos biliares no fígado
Surge principalmente no terceiro trimestre, mas em alguns casos começa a apresentar sintomas ainda no segundo trimestre.
na mãe causa apenas desconforto mas pode ter consequências graves para o feto
Quais as causas?
O que causa a colestase gravídica ainda não foi completamente esclarecido. Especialistas acreditam que será uma combinação de fatores genéticos, hormonais e ambientais. É um problema que surge mais no inverno.
Quais os fatores de risco?
- Mulheres com idade acima de 35 anos,
- Gestações múltiplas,
- Histórico de doença hepática
- Histórico de colestase obstétrica em gestações prévias.
- O histórico familiar envolvendo a colestase da gravidez
Eu não tinha nenhum dos fatores de risco…
Quais são os sintomas?
O primeiro sintoma é normalmente uma comichão intensa nas palmas das mãos e plantas dos pés que se alastra para todo o corpo. Mas não é uma comichão normal, é uma comichão mesmo intensa que pode mesmo chegar a comprometer o descanso tal é o desconforto. A comichão é mais intensa à noite
A comichão na gravidez nem sempre significa que existe uma colestase, mas o obstetra deve sempre ser informado para que possa descartar essa possibilidade.
Normalmente não se chega ao ponto de outros sintomas se manifestarem mas pode nalguns casos surgirem outros sintomas como:
- pigmentação amarelada da pele e branco dos olhos (icterícia)
- urina mais escura
- dor abdominal,
- perda de apetite
- vómitos
- febre.
- Fezes claras e com gordura
- cansaço
- atraso na coagulação do sangue
Normalmente, a comichão associada à colestase obstétrica desaparece algumas semanas após o parto (em 2 a 4 semanas).
No meu caso apenas tinha comichão na barriga, não cheguei a ter comichão noutras zonas nem apresentei qualquer outro sintoma. Daí a importância de comunicar sempre ao obstetra todas as alterações que vão surgindo na gravidez por mais insignificantes que possam parecer. Ele melhor que ninguém saberá avaliar a situação e descartar alguma coisa que possa ser preocupante como é o caso da colestase.
Como é feito o diagnostico da colestase gravídica?
O diagnóstico é feito através de análises ao sangue que vão medir as funções hepáticas (transaminases) e os níveis de ácidos biliares no sangue.
No meu caso os valores referentes ao funcionamento do fígado estavam dentro do normal embora os valores estivessem elevados em relação ao que é o meu normal. Os ácidos biliares estavam ligeiramente acima dos valores normais.
Qual o tratamento para a colestase da gravidez?
O tratamento é feito com ácido ursodesoxicólico e é recomendada a indução do parto a partir da 37ª semana de gestação, se o tratamento estiver a ser eficaz o médico poderá querer aguardar pela 38ª semana. Caso o quadro seja mais grave e sem resposta ao tratamento o parto pode ser provocado antes das 36 semanas para garantir a segurança do bebe
Possíveis complicações:
- maior risco de parto prematuro,
- insuficiência respiratória do recém-nascido e
- morte FETAL intra-uterina.
- Hemorragia pós-parto
- sofrimento fetal durante o trabalho de parto (o bebe deve ser vigiado durante todo o trabalho de parto)