Boa semana #93 – Saudades das tardes de domingo
À medida que o tempo vai passando por nós e nos damos conta que não iremos reviver certos momentos a saudade tende a aumentar, dando lugar a um sentimento de nostalgia e um desejo de voltar atrás para de alguma forma eternizar aqueles momentos.
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Eu vivi com a minha avó durante alguns anos e apenas ia a casa ao fim-de-semana, apesar de ambas as casas serem na mesma aldeia. Depois deste tempo passar e de ter deixado ser necessário viver com a minha avó e avô, as tarde de domingos passaram a ter a tradição de ir lanchar com os avós. Quando penso nessas tardes a primeira coisa que me vem à mente é o cheiro delicioso a hortelã acabada de colher que se ia transformando num delicioso chá na cozinha da minha avó. Mas não é a hortelã pimenta, mas sim uma hortelã meramente aromática. Já a tentei ter num vaso mas acabou por morrer para além do chá não ter o mesmo efeito reconfortante que tinha na altura.
A minha avó conseguia ir ter sempre a conversas embaraçosas mas no entanto era com ela que falava das minhas paixões e dos meus desgostos de amor! E o meu avô conseguia ter sempre uma estória nova para contar dos tempos que passou em Angola e havia sempre uma ou outra palavra que ele dizia em crioulo e me perguntava se sabia o que era, claro que eu nunca sabia e ele acabava sempre por me dizer o que era à qual acrescentava uma estória relacionada.
Lembro-me como a minha avó me preparava o pão com queijo para o lanche com tanto carinho, era sempre o começo do lanche, mesmo já nos meus vinte anos e já com filhos ela ainda tinha esse gesto comigo, e claro que nunca faltava na mesa todas as gulodices de que eu mais gostava.
O cheio a mimosas em flor é outra das minhas recordações, a minha avó tinha à porta umas quantas mimosas que libertam um perfume forte mas muito agradável que enchia toda a cada quando estavam em flor.
Lembro-me de plantar algumas árvores de fruto no quintal e de as ter visto crescer até começarem a dar frutos, como ia para o quintal com o meu avó e ele me explicava uma série de coisas sobre como tratar as árvores ou alguma plantação que ele tivesse no quintal.
Assim que o lanche ficava pronto a minha avó chamava-nos para dentro, sentávamo-nos à mesa e havia sempre uma série de perguntas que a minha avó queria fazer sobre a minha semana! A bem da verdade mais ninguém me fazia essas perguntas, como tinha sido o meu dia, ou a minha semana, mas ela queria sempre saber tudo!
Nem nos dias de chuva eu deixava de lá ir, eram pequenos momentos aconchegantes, onde me sentia importante, acarinhada, amada, sinto tanto a falta desses momentos. Afinal a vida é mesmo isso, não é? São momentos que guardamos para sempre nas nossas memórias e nos nossos corações, mesmo quando essas pessoas já cá não estão como é o caso do meu avô, mas é de certa forma como vivemos para sempre, porque os corações que tocamos vão carregar sempre a nossa memória.
Aproveitem a vida ao máximo, desfrutem sempre de cada momento por mais simples que pareça, porque são esses que um dia mais tarde vão sentir falta, não se deixem levar pela correria em que vivemos nos nossos dias, apreciem os pequenos momentos porque são eles que importam!