O desapego, como é difícil nos desapegarmos das coisas, das pessoas, das situações. O desapego é difícil para a grande maioria das pessoas, para umas mais do que outras, havendo mesmo casos graves, os acumuladores, que não conseguem deitar nada fora.

E cada vez mais vivemos numa sociedade apegada a coisas, basta olhar para as nossas casas hoje em dia e para como elas eram há uns valentes anos atrás. As pessoas viviam com bem menos, menos atulhadas em tralha nas suas casas e mais pessoas, mais rodeadas de família.

Apegamo-nos às coisas como se elas pudessem preencher algo dentro de nós, que na maioria das vezes nem sabemos bem o que é. Mas a realidade é que as coisas não preenchem nada, apenas o conhecimento sobre nós mesmos nos pode finalmente preencher essa sensação de vazio que por vezes existe.

O desapego é sem dúvida algo que eu preciso muito de trabalhar, mas penso que estou no bom caminho. Guardar apenas aquilo que realmente nos faz falta, livrarmo-nos do que está a mais pode trazer não só uma grande sensação de leveza, como também uma grande disponibilidade de tempo por não perdemos tanto tempo com a arrumação, limpeza e organização de tralha que não nos faz falta!

Mas o apego não acontece apenas a coisas materiais que possam ou não ter algum significado sentimental para nós (essas são sempre as mais difíceis de nos desapegarmos mesmo que realmente saibamos que não nos fazem falta, nem virão a fazer…). O apego às pessoas pode ser bem mais difícil de trabalhar do que o apego ás coisas, claro que varia muito de pessoa para pessoa…

Mas o sentimento de posse que possa nascer sobre alguém apenas vai acabar por nos magoar e nos fazer sofrer, porque as pessoas pura e simplesmente não nos pertencem. Mesmo as que cresceram no nosso ventre, e é nestas que normalmente reside a maior dificuldade.

Ninguém nos pertence e o apego que possa existir em relação a alguém ou a alguma coisa, irá sem dúvida fazer-nos sofrer em algum ponto da nossa vida. Então o melhor aqui é mesmo a prevenção, trabalhando o desapego. Inicialmente com pequenas coisas, em que não exista um apego tão grande e ir gradualmente evoluindo para as que o apego é mais forte.

Guardar apenas aquilo que nos faz falta é muito importante, mas perceber que na realidade nada nos pertence é o passo mais importante, sejam pessoas ou coisas. Tudo muda, tudo evoluiu, tudo se transforma. Ter a noção disso e conseguir realmente um desapego das coisas é o grande segredo para evitar o sofrimento. Mas não é fácil de trabalhar, nem fácil de conseguir, por isso é trabalhar no desapego em passinhos de bebé, porque qualquer pequeno passo é melhor do que nada!