Amar também é dizer ‘não’ de vez em quando!
Cada vez mais nos tempos que correm há uma falta de tempo para passar com os filhos, família, amigos, ou até mesmo tempo para se estar sozinho e refletir. E o que acontece muitas vezes é que se tenta compensar essa falta de tempo com bens materiais ou acedendo a todos os desejos dos filhos!
Quando os meus filhos mais velhos nasceram ainda estava a estudar, foram muito cedo para uma ama e só mais tarde me comecei a dar conta de tudo o que estava a perder, perdemos todas aquelas conquistas deles ao longo do dia, perdemos os beijinhos e os abracinhos espontâneos e acima de tudo perdemos a ligação porque a ligação que se forma que não é a mesma, por mais que nós estejamos em negação.
A minha filha mais nova está sempre comigo, são poucas as vezes que vai para a ama e normalmente são apenas umas horas quando eu preciso mesmo e consigo perceber claramente a diferença entre ela e os irmãos. Tornou-se uma criança mais segura de si, faz menos birras, é super carinhosa, muito sorridente, muito mais resistente aos problemas de saúde que surgem, mais sociável.
Penso que isso tudo vem não só de ter a mãe sempre presente para ela mas principalmente por ter uma educação mais uniforme, quer queiramos quer não, quando as crianças estão ao cuidado de outras pessoas que não os pais a forma de educar vai ser diferente, as perspetivas são diferentes e tudo isso passa para a criança.
Os meus mais velhos tiveram sorte com as amas que tiveram que são quase como avós para eles, principalmente a que mantemos é como se fosse da família, já sabem como são os avós, estragam os netos com mimos, sei que muita gente acha que não se pode estragar uma criança com excesso de mimo, eu tenho que discordar, tudo o que é em excesso faz mal, principalmente quando se faz todas as vontades da criança. Isto porque elas acabam por não aprender a lidar com as frustrações da vida que acabam por surgir! Mais uma vez o segredo está no equilíbrio, tudo é bom nas horas certar e educar não é só dar mimo e fazer as vontades, é também saber dizer ‘não’.
Então o que acontece é que juntando a falta de tempo, o stress do dia-a-dia, a perda de momentos importantes, a formação de uma ligação da criança com o seu principal durante o dia leva a que depois o pouco tempo passado com os pais seja para satisfazer os desejos da criança, as suas vontades e o ‘não’ torna-se raro!
E isso não é nada bom para a criança, o ‘não’ vai-lhe permitir conhecer limites mas acima de tudo vai ensinar a criança a lidar com as frustrações do dia-a-dia, as crianças crescem com a ideia errada de que podem conseguir tudo o que querem, sem olhar a limites, passando por cima de tudo e de todos e depois chegam a determinada altura que não têm respeito por nada nem ninguém e isso está-se a ver cada vez mais na sociedade hoje em dia.
Mais uma vez andamos de extremos em extremos sem sequer passar por um ponto de equilíbrio. Há umas gerações atrás as mães até ficavam em casa, mas muitas vezes as famílias viviam no limiar da pobreza, sem bens materiais, as crianças começavam a trabalhar desde cedo muitas vezes na agricultura e com os animais, acabavam por não haver as condições mínimas nem de bens materiais mas também não havia de atenção para com as crianças, mas pelo menos respeito havia, e o ‘não’ era algo que até se ouvia demais…
Entretanto essa geração de crianças foi crescendo e tornaram-se pais que não querendo que os filhos passassem pelas dificuldades materiais que eles passaram dedicam o seu tempo a trabalhar para conseguir dar uma vida melhor em termos materiais aos filhos, mas depois não há tempo para passar em família, para brincar, para o afeto e então o ‘não’ acaba por se tornar raro numa tentativa limite de criar um laço que devia ter sido criado pelo tempo em conjunto.
Tudo o que as crianças pedem a nível material acabam por conseguir porque os pais não querem passar pelos maus da fita, querem a admiração dos filhos, querem conquista-los mas da forma completamente errada.
Depois o que acontece na maioria das vezes é que as pessoas que estão a cuidar deles durante o dia também não lhes dizem que ‘não’, é o que acontece um pouco com os meus filhos mais velhos, embora eu diga muitas vezes que ‘não’ e tente impor limites depois quando estão com outras pessoas isso não acontece, então lidam muito pior com a frustração do que a mais nova que tem uma educação muito mais uniforme. Não é que ela não fique frustrada por vezes, porque também fica, todos nós ficamos mas aprendeu a lidar melhor do que isso.
O que é que eu penso que é importante então?
- Antes de mais nada equilíbrio no uso do ‘não’, nem demais como se via há uns tempos nem de menos como se vê agora.
- Impor limites às crianças mesmo que nos chamem de ‘más’ e que fiquem zangadas, isso passa-lhes depressa…
- O ‘não’ deve ser mantido por mais birras que a criança faça, somos os mais, somos uma figura de autoridade e precisamos de agir como tal e isso é bom para o crescimento saudável da criança!
- Ter tempo de qualidade para as crianças, para criar um laço com elas.
- A educação tem que ser uniforme, todas as pessoas que estão com a criança devem agir da mesma maneira
- Dar sempre à criança uma forma de poder conquistar algo que ela quer, quando ela quer uma coisa podemos dizer que ‘não’, mas no entanto dar-lhe uma tarefa que lhe permita conquistar essa coisa. Isso vai ensina-la a trabalhar para conseguir as coisas que quer
- Os castigos por vezes também são necessários e não devem ser negociados.
- O carinho, os beijinhos, abracinhos, miminhos são muito importantes mas na altura certa, nunca na sequência de birras, de se magoarem, ou na forma de compensar alguma coisa. Devem ser espontâneos e principalmente quando está tudo bem, eles vão aprender a fazer o mesmo e é sem dúvida a melhor coisa do mundo!
- Os pais também podem pedir desculpa quando fazem algo de errado, isto vai mostrar-lhe que todos cometem erros mas que os devemos assumir!
- Tentar racionalizar as situações com as crianças como se fossem adultos também não é boa ideia, pelo simples fato de não serem adultos e não terem a mesma capacidade de raciocino!
Penso que nos nossos tempos também estão a nascer uma nova geração de mães, mães que querem ter mais tempo de qualidade com os filhos, mas que lhes querem também dar uma boa qualidade de vida, que se importam em estar presentes, em ser elas a educar, que não se importam de dizer ‘não’ quando é preciso, que se focam no seu desenvolvimento pessoal enquanto pessoas e procuram ajudar os filhos a desenvolver também nessa área, no nosso grupo vais encontrar muitas dessas mães de nova geração, achas que também és uma delas? Espreita aqui para receberes mais informações sobre o nosso projeto