Boa semana #98 – Vacinar contra o HPV ou não?
Esta foi uma dúvida que me perseguiu durante algum tempo, uma vez que é uma vacina que faz parte do nosso plano nacional de vacinação, mas não sendo obrigatório vacinar eu precisava decidir se vacinava ou não… e como houve bastante polémica à volta da vacina era uma coisa que me preocupava.
Eu sempre fui a favor das vacinas, os meus filhos levaram inclusive vacinas que não faziam parte do plano nacional de vacinação na altura, mas que a pediatra recomendou e que neste momento algumas desses já fazem também parte do plano nacional de vacinação.
Mas vamos por partes, primeiro, o que é o HPV?
HPV é a sigla de um vírus chamado papiloma vírus humano. É um vírus que atinge a pele e as mucosas.
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Como se transmite o HPV?
A principal causa de transmissão são as relações sexuais sem proteção. É um vírus que se transmite no contacto de pele com pele sem haver necessidade de trocas de fluidos. Mas este vírus também pode ser transmitido de mãe para filho durante o parto. Embora muito rara a transmissão também se pode dar através da partilha de roupa intima, toalhas ou contacto direto com as verrugas causadas pelo vírus. Ao longo da vida cerca de 80 a 90% da população acaba por entrar em contacto com o vírus, conseguindo no entanto a maioria das pessoas eliminar o vírus do organismo sem que venha a desenvolver qualquer sintomas. Os sintomas aparecem normalmente entre 2 a 8 meses, mas também podem aparecer anos depois após a transmissão.
Que doenças pode causar este vírus?
Na maioria dos casos é assintomático, daí a importância de um check up ginecológico com regularidade que permita identificar o vírus antes de causar lesões mais graves. O mais comum é aparecerem verrugas na pele, mas estas normalmente só são visíveis em exames ginecológicos uma vez que este vírus afeta principalmente os órgãos genitais. Embora na maioria dos casos seja facilmente tratável, mesmo pelo sistema imunitário do próprio individuo, noutros casos estas lesões podem evoluir para cancro. Sendo o cancro mais comum causado por este vírus o cancro do colo do útero, mas pode também causar cancro no ânus e na boca.
Eu já tive uma infeção no colo do útero causada pelo HPV, felizmente costumo fazer o check-up no ginecologista todos os anos o que me permitiu que fosse detetado precocemente, ainda em fase pré cancerígena.
Qual o tratamento para uma infeção com HPV?
As verrugas podem ser tratadas por laser, cirurgia local, crioterapia ou aplicação direta de químicos, normalmente reaparecem por isso o tratamento pode-se prolongar até que deixem de aparecer completamente
No meu caso como foi detetado precocemente não foi difícil de tratar, envolveu várias sessões sim, foi muito doloroso o tratamento? Foi, sim. Mas se estivesse numa fase mais avançada poderia ter sido muito pior, assim consegui que as lesões causadas pelo vírus fossem tratadas sem deixar sequelas. Para além do químico para tratar diretamente as verrugas, que foi sempre aplicado em consultório pelo ginecologista, tomei também em comprimidos o coriolus versicolor para estimular o sistema imunitario, já que este cogumelo é indicado especificamente para o tratamento de infeções por HPV. Na altura achei bastante curioso um ginecologista a prescrever um medicamento natural, mas depois de alguma pesquisa descobri que realmente este cogumelo é bastante recomendado para ajudar o sistema imunitário a eliminar o HPV do organismo
Quantas estirpes tem este vírus?
Estão atualmente identificadas 150 estirpes, sendo 14 delas responsáveis por causar lesões precursoras de cancro
A vacina protege contra quantas estirpes?
A vacina mais recente, a Gardasil-9, protege contra 9 estirpes: HPV-6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58
Depois de falar com o meu ginecologista, com a pediatra e com as enfermeiras do centro de saúde e de fazer uma boa pesquisa sobre o vírus e a vacina, sem me deixar levar por polémicas e alarmismo decidi que vacinar era a melhor decisão que podia tomar, então a minha filha mais velha levou a primeira dose hoje e irá levar a segunda dose em Agosto. É claro que podem haver sempre efeitos secundários como em qualquer medicamento, ou em qualquer outra vacina, mas são raros e os possíveis benefícios são superiores ao possíveis riscos. Tivemos que ficar no centro de saúde por 30 minutos, como acontece em outras vacinas, havia a possibilidade de tonturas e quebras de tensão, outros efeitos secundários possíveis são inchaço e dor no local de administração, dores de cabeça e náuseas. No caso da minha filha não houve nenhum efeito secundário, a segunda dose será administrada em Agosto.
No fundo acaba tudo por ser uma questão de possibilidade e não de dados concretos, nunca sabemos quando iremos fazer parte da estatística que sofre efeitos secundários, assim como nunca sabemos se vamos fazer parte da estatística que apanha a doença, por isso, temos que fazer o que deixar a nossa consciência mais tranquila, no meu caso tem sido sempre vacinar!