Boa semana #58 – Como superar memórias dolorosas?
Há períodos mais dolorosos do que outros e quando chegamos a determinado ponto da vida todos nós temos uma caixinha de memórias dolorosas que por vezes tende a vir ao de cima, normalmente quando se está a passar por uma fase mais turbulenta.
Este fim-de-semana que passou foi um daqueles que vieram ao de cima uma série de dessas memórias, memórias de perdas… A esta altura já acumulo mais perdas do que desejaria…
Com o meu único avô no hospital em fase terminal, o meu primo que faria 25 anos ontem se fosse vivo, daqui a 15 dias faz 14 anos que a minha tia morreu e fez esta quinta-feira 13 anos que perdi o meu primeiro bebé. E de repente as dores atuais juntaram-se às dores já com tantos anos e causou mais uma revolução de limpeza…
A perda de uma pessoa que nos é querida é para mim das coisas mais difíceis com que temos que lidar na vida, principalmente quando se trata de pessoas novas e que a sua partida nos apanha de surpresa…
Perder um filho antes de nascer também é daquelas coisas contra o normal ciclo da vida, quando perdemos uma pessoa no final da vida é verdade que dói, mas pelo menos sabemos que essa pessoa teve uma boa vida, viveu as experiências à sua maneira… já quando a partida acontece demasiado cedo a angustia que nos aperta o peito é tão grande que parece que ficamos sem respirar.
A morte antes da vida para fim foi mesmo das perdas mais dolorosas, nenhum pai devia perder um filho muito menos antes de ele nascer.
Mas estas memórias acompanham-nos toda uma vida, fazem parte do nosso crescimento, fazem parte das pessoas que nos tornarmos e não precisamos esquecer, apenas aprender a lidar de forma a que doa menos.
Quando estas memórias vêm à superfície de forma intensa e se sentimos necessidade de chorar não devemos reter o choro, o melhor mesmo é chorar, libertar, limpar, o choro ajuda a aliviar as tensões que se acumulam dentro de nós é uma coisa saudável que pode ajudar imenso a aliviar a dor.
Outra coisa que podemos fazer quando nos assombram estas memórias é focarmo-nos nos momentos bons, nos lados positivos e afastarmos a ideia dolorosa, lembrando de forma positiva.
Para mim o mais importante nestes casos é mesmo a parte espiritual, não importa qual é a religião, nem quais os contornos da coisa, mas pensar que um dia iremos reencontrar essa pessoa de quem tantas saudades sentimos pode ser a força para superar essa memória. E não só na perda, sempre que enfrentamos um problema a parte espiritual pode ser a tábua a que nos vamos agarrar para nos mantermos à deriva. Todo o ser humano tem a necessidade de ter o lado espiritual desenvolvido independentemente das suas crenças, faz parte de quem somos e precisamos dessa parte para estarmos completos.
Colocar as memórias dolorosas num papel e queima-lo cuidadosamente pode ser também bastante libertador, o fogo transmuta as energias e de certa forma origina ali uma libertação.
Uma ida às compras ou um projeto simples de bricolagem para ocupar a mente também podem ajudar a ultrapassar estes momentos em que ficamos mais sensíveis.
Mas nada como o tempo para atenuar as coisas dolorosas, para ajudar a resolver problemas e virar páginas, então podemos dizer que a paciência é a melhor arma para superar uma memória dolorosa. Paciência para deixar o tempo passar, deixar o tempo curar a ferida até ser apenas uma cicatriz que se torna apenas uma lembrança da nossa força e de todos os obstáculos que conseguimos superar.